23/06/2022 às 06h30min - Atualizada em 23/06/2022 às 06h30min

Quase 70% dos casos de violência contra jornalistas foram provocados por autoridades públicas, especialmente na internet | Portal Obidense

É o que afirmaram os participantes da audiência púbica sobre ataques à liberdade de imprensa, promovida pela comissão de direitos humanos na quarta-feira.

Redação
: Marcella Cunha

Da Redação
ÓBIDOS - A Comissão de Direitos Humanos discutiu os ataques à liberdade de imprensa e os riscos da atividade jornalística no Brasil.
 
Os palestrantes prestaram solidariedade às famílias pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira. Para a presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Natália Mazotte, o episódio joga luz ao ambiente de insegurança que se instalou no país para comunicadores e defensores de direitos humanos. 

 
A gente olha também para casos como imposição de sigilo às informações de interesse público, o que tem se tornado, inclusive, bem frequente neste atual Governo, a gente olha para tentativas de tirar sites de notícias do ar, casos de exposição de dados pessoais de repórteres, assédios moral e sexual, uso abusivo do poder estatal e tantas outras tentativas de intimidar ou calar jornalistas.
 
Esses discursos estigmatizantes que vêm de autoridades públicas acabam incentivando ataques nesse ambiente digital. Segundo a Abraji, foram registrados 450 casos de violência contra jornalistas no ano passado. Destes, 69% foram provocados por autoridades estatais, especialmente no meio digital.
 
Para o presidente da Comissão, e jornalista formado, senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, o atual governo tem utilizado mecanismos institucionais para diminuir a credibilidade da imprensa e impedir o acesso à informação. O que nós vemos permanentemente é um Chefe de Governo que promove uma descredibilização permanente da imprensa, dos jornalistas. É uma forma, inclusive, de promoção de um caos público que facilita a circulação e a crença das pessoas em notícias falsas e que também encoraja os apoiadores do Governo e do Presidente a eles próprios tomarem a iniciativa de agredir jornalistas.
 
Para o colunista e escritor Jamil Chade, os ataques virtuais devem ser visto com a mesma gravidade de violências físicas ou verbais. Ele citou dados da Unesco, de que 40% dos jornalistas assassinados em todo o mundo tinham recebido apenas ataques virtuais meses antes de serem mortos. O fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, lamentou as ameaças enviadas à sua quipe.
 
Em especial, mensagens violentas recebidas após uma reportagem sobre uma escola paramilitar para crianças, em Brasília. Eu já tenho seus dados e os dados de toda a sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo. Tenho 200 balas, assim fazer a festa no se cafofo e provavlmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes. Esse é o texto de uma mensagem enviada para nossa redação. O procurador da República.
 
Enrico de Freitas apresentou dados do Conselho Nacional do Ministério Público que mostram que apenas metade dos casos de assassinato de jornalistas foi solucionada entre 1995 e 2018. Para ele, existe uma ineficiência na apuração e na punição desses crimes.
 
A jornalista Patrícia Campos Melo cobrou mais segurança para os profissionais, especialmente durante a cobertura das eleições de outubro. Ela defendeu que é preciso garantir espaços físicos e digitais seguros para a prática profissional do jornalismo e o devido esclarecimento de casos de agressão. O Brasil caiu 4 posições no último Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado anualmente pela ONG Repórteres sem Fronteiras. O país entrou na zona vermelha de sinalização, que indica uma situação considerada difícil para o exercício da profissão. 


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