15/05/2021 às 12h47min - Atualizada em 15/05/2021 às 12h47min

Óbidos e a escravidão negra | Portal Obidense

No dia 13 de maio, o Brasil comemora 133 anos da abolição da escravatura. Se recorrermos a cronologia da história, vamos observar que o sistema escravocrata já era utilizado desde a Idade Antiga

Por: Carlos Vieira
Cela de Escravo e priosineiro - Foto Walmir Ferreira

ÓBIDOS - Povos da Mesopotâmia, China, hebreus e egípcios já utilizavam a mão de obra escrava nas grandes construções, e eram adquiridos principalmente por dívidas ou guerras, onde os povos vencidos, tornavam-se escravos dos povos vencedores.

A chamada escravidão moderna ou escravidão negra, começa com os portugueses a partir do século XV, com a exploração da costa da África e da América.

No Brasil, os primeiros escravos chegaram no ano de 1530 para o trabalho na lavoura da cana de açúcar. Calcula-se que pelo menos 4 milhões e 800 mil africanos, foram trazidos para o Brasil nos 358 anos.

Na Amazônia, os primeiros escravos foram trazidos pelos ingleses entre o final do século XVI e início do século XVII, (REIS, 1979).

No município de Óbidos os escravos vieram com os portugueses, para substituir a mão de obra indígena no cultivo da lavoura do cacau. Segundo REIS (1979), teriam vindos das regiões de Cacheu e Bissau. Grande foi o número de escravos trazidos para o município, que no censo de 1827, de um total de 3.588 habitantes, 1.925 eram escravos, era o maior número entre todos os municípios do Baixo Amazonas, superando Santarém. Porém não se submeteram pacificamente ao cativeiro, e como reação, fugiam da casa de seus "senhores" para as regiões mais longínquas do município, como: Igarapé Grande, Mondongo e afluentes do rio Trombetas, onde passavam a ter uma vida social própria.

Como forma de sobrevivência plantavam a mandioca e o tabaco. Praticavam o extrativismo vegetal através da coleta de frutas e da castanha, e o extrativismo animal, através da caça e da pesca. O excedente era negociado com regatões que subiam e desciam os rios Amazonas e Trombetas, assim como com os holandeses que desciam o rio Cuminá. Muitos escravos vinham em canoas na calada da noite, negociar com comerciantes na praia em frente a cidade. Muito embora em quantidade menores que nos grandes centros populacionais da época, tinham o mesmo tratamento desumano: trabalhavam muito; descansavam pouco; alimentavam-se e vestiam-se mal e eram submetidos a severos castigos físicos e mentais.

Segundo dados descritos por REIS (1979), quando a escravidão foi abolida no dia 13 de maio de 1888, o município de Óbidos possuía oficialmente 349 escravos, e o Brasil entrava para a história, como o último país do ocidente a abolir a escravatura.

Temos hoje em nosso município 17 comunidades remanescentes de quilombos, que se encontram organizadas em associações, entre elas: ARQMOB, ARQMIM, ARQCONSGPA, ARCONECAB e ARQCA. Culturalmente temos muito a agradecer a esses heroicos, valentes, resistentes e abnegados povos, que entre suas heranças culturais nos legaram: a culinária, vestiário, vocabulários, mitos, crendices, danças e religiosidade, e que através da miscigenação étnica juntamente com os índios e europeus, ajudaram na constituição do aguerrido e intrépido povo obidense.
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