06/05/2021 às 19h07min - Atualizada em 06/05/2021 às 19h07min

Haters - Redes sociais Espaço aberto para o ódio | Portal Obidense

Haters e polêmicas nunca tiveram tanta força nas redes sociais como agora. Neurocientista e programador comentam como a web tem impactado os internautas e permitido até ganho expressivo de seguidores

Por: Jennifer da Silva
Divulgação / MF Press Global
Divulgação / MF Press Global

BRASIL - Cada vez mais as redes sociais estão se tornando um espaço aberto para o ódio. Ao expressar seus sentimentos e investir em polêmicas, os chamados “influenciadores” conseguem a tal sentimento uma dimensão pública, e, para piorar, receber aplausos de seu público, ganhar novos seguidores de alguma forma se sentir validado.
 
Com este tipo de conduta, é cada vez mais comum que influenciadores aproveitem as polêmicas para conseguir espaço na mídia e manterem seu nome sempre em evidência. O resultado disso? Mais seguidores e, consequentemente, mais dinheiro na conta.
 
Segundo o neurocientista e filósofo Fabiano de Abreu, “essa validação do ódio que era muito mais difícil antes de elas existirem e se tornarem tão importantes na vida das pessoas. Infelizmente quando tal sentimento é destilado, é praticamente impossível voltar atrás no que foi dito”.
 
Além disso, outro grande problema é que tal situação deveria ser evitada, mas não é o que acontece, lamenta Abreu. “Seria de bom senso estabelecer os limites dentro do que pode-se dizer que é liberdade de expressão, que é intocável, e o momento em que aquilo se torna uma ameaça e deveria receber imediatamente a atenção da polícia e do Judiciário. Existe uma linha tênue de passagem entre a ameaça na rede social, a confirmação que ela recebe do discurso nos comentários”, revela.
 
Para se ter ideia, as redes sociais proporcionaram, por um lado, coisas que eram impensáveis anos atrás. Para o programador Bendev Júnior, quem propaga discurso contra outros membros da sociedade possuem cada vez mais seguidores, como o influenciador Felipe Neto. “O nome dele está sempre envolvido em polêmicas. E muitos do seu público acaba o apoiando pelas suas falas. Enquanto isso ele acaba recebendo novos seguidores cada vez que fala algo do tipo, afinal, as pessoas acabam se interessando em segui-lo justamente para ver o que pensa e aguardando a próxima polêmica que ele vai fazer parte”, completa.
 
Neste cenário, Bendev Júnior observa o quanto as pessoas se sentem atraídas pelo “politicamente incorreto”, observa. “Sim, as pessoas preferem curtir e comentar, mesmo que não aprovando, as publicações daquela figura pública que se mete em polêmicas. As pessoas gostam de rebater o discurso delas, ou então pegar aquilo que não concorda e colocar público e deixar sua opinião em cima. O que de uma forma ou de outra mostra que, independente de tudo, o nome daquela pessoa estará sempre em evidência, e é justamente esse o objetivo dela”.
 
Para se ter uma noção da gravidade disso, Bendev conta uma dica: “Digite no Google, por exemplo, o nome de um desses influenciadores e a palavra ‘polêmica’. Tenha certeza de que os resultados serão muitos, e da mesma forma tenha pode esperar que a grande maioria daquelas notícias você já deve ter visto em algum site antes”, destaca.
 
Já o neurocientista Fabiano de Abreu acredita que “aquele que é radical e que tem na sua constituição o desrespeito aos direitos humanos vai apenas acirrar isso na internet, porque é onde tem cada vez mais plateia e seguidores prontos para receber este ódio”, diz.
 
Quem definiu bem como este “discurso do ódio” se tornou tão presente foi o escritor italiano Umberto Eco, morto em 2016. “As mídias sociais deram o direito à fala a uma legião de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”, disse.


 
 


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