21/09/2018 às 09h02min - Atualizada em 21/09/2018 às 09h02min

Uma história da política em Óbidos para reflexão do eleitor obidense e sua oportunidade para usar seu voto.

A pesquisa publicada em forma de mensagem foi feita pelo nosso articulista professor Carlos Vieira Sarrazim. Demostrando o contexto político e fatos na história do município obidense

Por: Professor Carlos Vieira
Foto: Adilson Moraes
ÓBIDOS - Quanto mais pesquiso, mais leio, mais analiso a história política de nosso município, mais aumenta meu orgulho de ser OBIDENSE!  Povo humilde, hospitaleiro, como disse Saladino de Brito “Que trabalha ao sol altaneiro/sempre avante não sabe parar”; porém, destemido, aguerrido e que sempre ouviu os chamados da mãe Pátria, todas as vezes que se sentiu ameaçada. A história desta bravura indômita, pode ser contada desde a chegada dos europeus, a partir do ano de 1698, quando o índio sentindo-se ameaçado pela escravidão imposta pelos brancos, sob a liderança de três caciques guerreiros, Caboré, Adoena e Manocassary se levantaram e, em um exemplo, de rebeldia, abandonaram o povoamento quase levando-o a extinção.

No período entre 1835 a 1840, mais uma vez o povo obidense, sob a liderança dos Irmãos Sanches de Brito, resistiu heroicamente contra as investidas cabanas, que a essas alturas já havia perdido o seu principal objetivo de luta. E como prova incontestável de bravura, organizaram um pequeno exército formado por índios e caboclos obidenses, jurutienses, parintinenses, alenquerenses, farenses e santarenos, iniciando uma reação armada, culminando com uma humilhante derrota dos cabanos em seu último reduto, Ecuipiranga. Fato este que a história durante muitos tempos escondeu, mas hoje traz à tona.

Ainda na segunda metade do século XIX, o jovem Gil Montalverne com apenas 15 anos, deixa sua terra natal e cruza o atlântico em busca de conhecimentos. Após formar-se em Medicina e assumir alguns cargos públicos, entre eles, no parlamento português, destacou-se como paladino na luta pela libertação dos Açoures, terra de seu pai, sendo hoje considerado um herói nacional.

Decorria o ano de 1924, quando Óbidos cedeu seu espaço geográfico e sua fortaleza, para servirem de palco a chamada Comuna de Manaus. Quando jovens militares, sob o comando do General José Carlos Dubois e do Tenente Magalhães Barata, em apoio ao General Isidoro Dias Lopes contra o então Presidente da República, Senhor Washington Luiz e contra a perpetuação do Reguismo (alternância da família Rego no poder do Estado do Amazonas), se rebelaram ocupando o governo do Amazonas e escolheram a cidade de Óbidos, devido a sua posição estratégica, numa tentativa de tentar tomar o Governo do Estado do Pará. Porém, foram detidos em Óbidos pelo General João de Deus Menna Barreto.

Oito anos depois, com a Revolução Constitucionalista ocorrida na cidade de São Paulo no ano de 1932, e a desistência dos Estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a pequenina Óbidos foi escolhida para fomentar a revolução na Região Norte do Brasil, e, sob a liderança do Coronel Atenostenes Pompa de Oliveira, que se intitulava representante dos Generais Isidoro Dias Lopes, Bertholdo Klinger e Coronel Euclides Figueiredo,   filhos diletos da gloriosa Pauxis se levantam em defesa da ordem e da constitucionalidade do país. Porém, foram detidos e massacrados na chamada Batalha Naval de Itacoatiara.

No que concerne ao campo político, sempre tivemos uma cadeira no parlamento paraense. Tudo começa com a eleição dos irmãos Sanches de Brito, que através do voto consciente do povo obidense, foram eleitos Deputados Provinciais nas eleições de 1835 e 1837. No decorrer da década de 50, embora não sendo filhos da terra, dois obidenses de coração representaram o povo pauxiara nos anais da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, Dr. Raymundo da Costa Chaves (duas legislaturas) e Rui Paranatinga Barata (uma legislatura). Na década seguinte, o povo obidense elegeu Fernando Barros (uma legislatura); o senhor Alcides Martins Tourão Corrêa (duas legislaturas) e Haroldo Heráclito Tavares da Silva (quatro legislaturas); porém, a partir de 1998 perdemos nosso espaço representativo no Parlamento Estadual, e Óbidos passou a ser tratada como um garimpão político, ou simplesmente um curral eleitoral, como descrito no livro Coronel Sangrado, só falta os cabrestos, pois Coronéis já existem. Passou a ser o local onde muitos tiram, mas nada trazem.

Nas eleições estaduais de 2014, 123 candidatos a Deputados Estadual foram votados em Óbidos, levaram 23.000 votos, alguns se elegeram; porém mais uma vez, não souberam honrar a confiança que o povo depositou, com isso, permanecemos no ostracismo político. Obidenses influenciados por pastores evangélicos, políticos e cabos eleitorais deixam de votar em filhos da terra para elegerem pessoas sem qualquer vínculo com o nosso Município. Com isso, vimos passar sob nossos olhos os parcos recursos do Estado, pois não temos o poder de barganha política.  Reclamamos a falta de estrada pavimentada (que passa a maior parte do tempo intrafegável); nossas escolas estaduais dependendo dos municípios, e já quase precisando de reformas sem nunca terem sido inauguradas; a saúde só não foi para a UTI, devido ao trabalho hercúleo dos Padres Franciscanos, que ainda conseguem com a ajuda do povo, manter a Santa Casa de Misericórdia, assim como nos mantemos em uma dependência constantes com os Municípios de Oriximiná e Santarém, etc.

No entanto, tudo pode ainda ser corrigido. Não sou barrista, e nem pretendo fazer apologia ao bairrismo, porém, neste ano de eleições, Óbidos tem filhos diletos se colocando à disposição para representá-la. É uma pena que ainda recorremos os mesmos erros anteriores, além dos candidatos paraquedistas que só visitam Óbidos as vésperas de eleições, não há acordo entre os candidatos locais para que muitos abram a mão em favor de no máximo dois. Acredito que essa reação tem que partir da própria população, se começarmos desde já uma discussão para que daqui a quatro anos, haja essa conscientização. Precisamos ouvir a voz do povo, como diz o dito popular “A voz do povo é a voz de Deus”.

É de bom alvitre ressaltar a coragem,  perseverança e a  audácia do povo obidense , hoje temos na capital do Estado do Amazonas um candidato a Deputado Estadual, Senhor Stone Machado e uma candidata a Deputada Federal, a senhora, Rosidalva Aquino que merecem o voto consciente, inalienável, intransferível e o apoio incondicional de todo pauxiara que mora no Estado do Amazonas, vamos reviver as glórias, e recontar a história de obidenses que se notorizaram e se motorizam na política amazonense, como o  Dr. Manoel Francisco Machado, o Barão de Solimões, Senador e último Presidente da Província do Amazonas e o nosso orgulho atual, Dr. Daniel Vasconcelos, hoje no parlamento municipal de Manaus, para que possamos ter a representação da colônia obidense na Assembleia Legislativa do Amazonas e no Congresso Nacional. Vamos acreditar nos filhos da terra, dar nossos votos de confiança, vamos escutar as palavras do saudoso escritor e poeta, Francisco Manoel Brandão quando homenageou o centenário de sua querida terra natal, em sua obra intitulada, Terra Pauxi: “Sim, quem me dera ver tudo revivendo com aquele esplendor do passado [...] acima de tudo, um novo rumo na tua missão de cidade predestinada! Bela nas suas tradições; heroica na sua missão [...] rica em valores humanos e nas possibilidades ilimitadas do meio físico em que repousa! [...] Crê sempre na estima dos teus filhos. Perto ou longe de ti, há neles uma força irresistível, uma paixão telúrica que supera todas as distâncias, todos os sentimentos contrários ao amor que cada um deve a sua terra natal. [...] Minha formosa Pauxi! Querida terra natal!”


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