04/04/2023 às 11h45min - Atualizada em 04/04/2023 às 11h45min

Pirarucu de manejo da várzea de Santarém tem nível de mercúrio abaixo do limite

Pesquisa foi feita no Projeto de Assentamento Extrativista PAE Tapará

Da redação
Comunicação/Ufopa

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Pirarucu da comunidade de Pixuna do Tapará, várzea de Santarém, 24/03/2023. Foto: Acervo do projeto.

PARÁ - Os pesquisadores Prof. Dr. Luís Reginaldo Ribeiro Rodrigues, Prof. Dr. Ricardo Bezerra de Oliveira e técnica de laboratório mestre Deise Juliane dos Anjos de Sousa, todos do Instituto de Ciências da Educação (Iced) da Ufopa, a convite da ONG Conservação Internacional (CI) do Brasil, realizaram em 2022 pesquisa sobre os níveis de contaminação de mercúrio (Hg) em pirarucus (Arapaima gigas) em área de várzea do município de Santarém. No último dia 24 de março, os pesquisadores fizeram a socialização dos resultados na comunidade Pixuna do Tapará.

De acordo com os resultados apresentados, a concentração média de mercúrio foi 0,19 mg/kg. Foram analisadas 62 amostras de pirarucu oriundas do Projeto de Assentamento Extrativista (PAE) Tapará. O limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) como seguro para consumo nos peixes carnívoros é de 1,00 mg/kg, ou seja, os níveis de mercúrio apresentados nos pirarucus do PAE Tapará estão abaixo da concentração máxima permitida. “A concentração de mercúrio presente nas amostras dos peixes que fazem parte da dieta do pirarucu, das águas e dos sedimentos dos lagos também deu abaixo dos limites estipulados pela legislação brasileira”, afirmou Ricardo Oliveira.

“Os resultados são, especialmente, relevantes no cenário de desinformação em que vivemos, onde se propaga a ideia generalizada, em muitas mídias, de que todos os peixes dos rios Tapajós e Amazonas estão contaminados em função de atividades garimpeiras ilegais”, afirmou.





Outra questão relevante neste contexto refere-se à quantidade de pescado consumido. “Isso é importante porque também revela que não se trata apenas de ter ou não mercúrio, e sim, da quantidade necessária para causar problemas à saúde. O pesquisador Prof. Dr. Ricardo Oliveira, em sua apresentação, relatou que é seguro que cada indivíduo com 60 kg consuma, semanalmente, até 500 g desse pirarucu analisado.

“A princípio, o objetivo era mapear os peixes nos lagos e igarapés de áreas de projetos de assentamento extrativistas (PAE) localizados no Baixo Amazonas, em função da realização do manejo do pirarucu: PAE Tapará e PAE Aritapera (Santarém), PAE Atumã e PAE Salvação (Alenquer). Foram coletadas amostras de peixes que integram a alimentação do pirarucu, de águas e sedimentos dos lagos Purus, Pixuna e Carepaua”, afirmaram os pesquisadores. O contato inicial foi feito com os quatro PAEs; no entanto, só foi possível dar andamento à pesquisa no PAE Tapará. “A articulação com as lideranças comunitárias, representantes da Colônia de Pescadores Z-20 e da Coordenação de Projetos da CI Brasil teve um papel essencial na execução da pesquisa”, ressaltaram os pesquisadores.

Eles chamam a atenção, ainda, para as limitações da pesquisa. “É claro que a pesquisa se concentrou em locais específicos e refletiu o cenário de um tempo específico (2022), havendo necessidade de continuidade para acompanhar os níveis de mercúrio, assim como de pesquisas em cada região. No entanto, para a comunidade do PAE Tapará que comercializa o pescado, assim como para os consumidores que adquirem esse peixe, o resultado é satisfatório e garante uma alimentação com segurança em relação à ingestão de mercúrio”.

"A pesquisa mostra, para além dos resultados quantitativos, a importância da produção do conhecimento qualificado, o papel da integração da Universidade com a sociedade e a importância de financiamento para que essas ações se desenvolvam, afinal, foram necessárias reuniões com os membros da comunidade, visitas/viagens, treinamentos e equipamentos específicos. Espera-se que seja possível dar continuidade à pesquisa”, finalizaram.


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