07/04/2019 às 17h13min - Atualizada em 07/04/2019 às 17h13min

A crise de consciência depois do registro histórico de uma foto premiada pelo Pulitzer de Fotografia Especial e a morte.

Do livro: Exercicio de Jornalismo
Por: Walmir Ferreira
Foto: Kevin Carter
MUNDO – Neste dia 07 de abril, onde se comemora o dia do jornalista, uma profissão séria e difícil, muitas pessoas que escrevem e publicam coisas sem a responsabilidade do quanto esta profissão é importante para a sociedade, lembramos o caso do jornalista Kevin Cater, sobre a foto histórica, porém protegido pela máxima que o jornalista “Não deve interferir nos fatos” pois o repórter deve apenas informar o fato e não modificar a realidade!

A foto foi tirada no ano de 1993, no Sudão (numa área que hoje pertence ao Sudão do Sul). Na época, o país estava arrasado por uma longa guerra civil. Kevin Carter, um premiado fotojornalista sul-africano, estava se preparando para fotografar uma criança faminta tentando chegar a um centro de alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU), próximo à aldeia de Ayod, quando um abutre-de-capuz apareceu nas proximidades.

João Silva, um fotojornalista português que mora na África do Sul e que acompanhou Carter no Sudão, relatou que os oficiais da ONU lhe disseram que iriam parar por 30 minutos (o tempo necessário para distribuir alimentos), de modo que os dois aproveitaram para olhar ao redor e tirar fotos.

Homens e mulheres da aldeia saíam de suas cabanas e iam até o avião da ONU para receber as doações de alimentos. Neste curto período, as crianças muitas vezes ficavam sozinhas. Esta era a situação do menino registrado na foto de Carter. Um abutre então pousou atrás do garoto. Para ter os dois em foco, Carter se aproximou da cena muito lentamente para não assustar a ave e tirou uma foto a aproximadamente 10 metros de distância. Ele então tirou mais algumas fotos antes de espantar o pássaro.

Vendida para o The New York Times, a fotografia foi publicada pela primeira vez em 26 de março de 1993 e foi repassada para muitos outros jornais ao redor do mundo. Em 1994, a imagem ganhou o Prêmio Pulitzer de Fotografia Especial.

Carter foi muito criticado por não ajudar o menino. O jornal St. Petersburg Times, da Flórida, disse sobre Carter: “O homem ajustando suas lentes para capturar o enquadramento exato daquele sofrimento poderia muito bem ser um predador, um outro urubu na cena.”

Dois fotógrafos espanhóis que estavam na mesma área naquela época, José María Luis Arenzana e Luis Davilla, e que não conheciam a fotografia de Kevin Carter, também tiraram uma foto em situação similar. Mas Carter foi o único a ser massacrado pela opinião pública e a imprensa.

Com as criticas, Carter entrou em depressão e, pouco mais de um ano depois da foto, dirigiu até o córrego Braamfontein Spruit, em Joanesburgo, e tirou a própria vida colocando uma das extremidades de uma mangueira no escapamento de sua caminhonete e a outra na janela do lado do passageiro. Ele morreu por intoxicação por monóxido de carbono, aos 33 anos de idade.

Trechos da sua carta de suicídio mostram como ele se sentia: “Eu sinto muito. A dor da vida ultrapassa a alegria ao ponto em que a alegria não existe…. deprimido … Estou assombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor … de crianças famintas ou feridas, de loucos com dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos assassinos … Fui juntar-me ao Ken (Ken Oosterbroek, seu colega fotógrafo que havia falecido há pouco tempo), se eu tiver tamanha sorte.”

O menino da foto era Kong Nyong, que estava sofrendo de má nutrição severa na época, mas já tinha começado a receber ajuda da ONU. Na foto, é possível ver a pulseira de identificação da entidade no braço da criança. E, ao contrário do que muitos pensavam, ele não morreu na época da foto. Segundo seu pai, Kong morreu adulto em 2006, devido a uma febre.
 


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