07/01/2024 às 14h46min - Atualizada em 07/01/2024 às 14h46min

Forte de Óbidos: a história de uma fortificação que marcou a presença portuguesa na Amazônia

Como o Forte Pauxis se tornou um símbolo da defesa e da ocupação e da resistência na região amazônica ao longo dos séculos

Por: Alê Belmont

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Forte de Óbidos, a história

ÓBIDOS - O Forte de Óbidos, localizado na margem esquerda do Rio Amazonas, no estado do Pará, é uma das mais antigas e importantes construções militares do Brasil. Sua origem remonta ao século XVII, quando a Coroa Portuguesa, temendo a invasão de estrangeiros na Amazônia, decidiu fortificar e ocupar o território, contando com a colaboração dos índios locais. O Forte Pauxis, como era chamado inicialmente, serviu como ponto de defesa, de fiscalização e de administração da região, tendo papel fundamental na consolidação da posse portuguesa sobre a Amazônia.

O Forte Pauxis foi construído em 1697, sobre uma grande ribanceira, em um local estratégico, onde o Rio Amazonas se estreita e forma uma fronteira natural. A fortificação era simples, feita de palha e barro, seguindo a técnica da taipa-de-pilão, comum nas construções da época. A mão de obra foi fornecida pelos índios das tribos Pauxis, Baré, Kaxuyana, Mundurucus, Maués, Mepurkis, Arapiuns e outros que viviam na região, que foram catequizados e organizados pelos religiosos dos Capuchos da Piedade, que se estabeleceram em Óbidos junto com o Forte.



O Forte Pauxis tinha como função principal proteger a região das incursões de ingleses, holandeses, franceses e outros povos que disputavam o domínio da Amazônia com os portugueses. Além disso, o Forte também servia como posto de fiscalização das embarcações que navegavam pelo Rio Amazonas, cobrando um décimo das mercadorias que transportavam, gerando renda para a Coroa Portuguesa. O Forte também era o local onde os religiosos e os colonos realizavam os descimentos, que eram as expedições para capturar e aldear os índios, a fim de explorar sua mão de obra e convertê-los ao cristianismo.
 
Em 1758, o Forte Pauxis mudou de nome para Forte de Óbidos, seguindo a determinação da Coroa Portuguesa, que exigia que as vilas e as ruas tivessem nomes idênticos aos de Portugal, para evitar ou substituir os nomes indígenas. Nesse mesmo ano, a antiga aldeia dos Pauxis foi elevada à categoria de Vila, também recebendo o nome de Óbidos. Nessa ocasião, o Estado Português criou o Diretório, um organismo de administração das vilas, que substituiu a ação das missões religiosas nas relações com as populações indígenas. O Diretório era chefiado por um diretor, funcionário do Estado, nomeado pelo Capitão General, que tinha o poder de comandar os descimentos, organizar a produção local e dirigir os serviços de interesse coletivo.
 
No século XIX, o Forte de Óbidos passou por uma reforma, que visava melhorar sua estrutura física e sua capacidade de defesa e repressão. O projeto foi elaborado pelo Major Marcos Pereira de Sales, que trabalhava na "Restauração material das duas Províncias Amazônicas" (Pará e Amazonas), e apresentado ao governo imperial em 1854. A nova fortaleza deveria ser erguida no mesmo local da antiga, aproveitando sua importância estratégica. A construção do novo forte foi iniciada em 1854, sendo toda feita de pedra, com a forma que se mantém até hoje. O Forte de Óbidos tornou-se, então, o marco histórico do domínio português na Amazônia e símbolo maior para a região e da superação desse domínio.
 
Hoje em dia, o Forte de Óbidos está desativado para o público, mas ainda guarda em suas paredes e em seu acervo a memória de uma época em que a Amazônia era palco de disputas, de conflitos e de resistências. O Forte de Óbidos é um patrimônio histórico e cultural do Brasil, que merece ser preservado e valorizado, como testemunha de uma parte importante da nossa história.


 


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