25/08/2023 às 08h54min - Atualizada em 25/08/2023 às 08h54min

Comissão do Senado discute crise na pesquisa científica brasileira, com baixos resultados e fuga de cérebros

O assunto foi discutido na comissão de ciência e tecnologia do senado

Da Redação
Da Rádio Senado

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Foto:Da Rádio Senado

BRASIL - A pesquisa científica brasileira está em crise. Tradicionalmente, o Brasil estava entre os 15 países com maior produção científica no mundo. A situação piorou bastante nos últimos anos. Em 2022, cientistas brasileiros publicaram 7,4% menos do que em 2021. Foi a primeira queda registrada pelo Brasil desde 1996, quando a série começou a ser divulgada. A queda brasileira foi a maior entre os principais países analisados. E se compara à redução científica na Ucrânia, que está em guerra. O país não só está muito atrás dos países com renda per capita alta da OCDE e de outros países dos BRICS, mas perde até para a média dos países sul-americanos. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento caíram de 1,21% do Produto Interno Bruto, em 2019, para 1,14% em 2020. Alemanha, Estados Unidos e Japão, por exemplo, têm investimentos superiores a 3%; China e Reino Unido investem mais de 2% do PIB em ciência e tecnologia. Segundo Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, o Brasil precisaria investir pelo menos 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento para competir com as economias mais desenvolvidas. Durante um debate na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado sobre o financiamento da pesquisa em instituições federais de ensino, a reitora da UFMG apontou os caminhos para o país recuperar o espaço perdido. 

O pulo do gato é a transferência de tecnologia. Para isso, nós precisamos de legislação. O marco de ciência e tecnologia ajudou muito, mas nós precisamos melhorar. Desburocratizar, incentivar as empresas a interagirem com as universidades e nos darem também mecanismos para que possamos fazer isso. 

O reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Roberto de Souza Rodrigues, destacou a falta de orçamento das instituições superiores de ensino para a pesquisa científica. 

A gente percebe que o pessoal e encargos sociais, eles se mantêm mais ou menos no mesmo nível. Mas, por outro lado, as despesas correntes, aquela que é para pagamento de conta de luz, pagamento de conta de água, pagamento das nossas principais despesas, ela reduz significativamente ao longo da década, em seus valores reais. 

O senador Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais, resumiu em dois pontos as questões que ele entendeu entre as mais preocupantes após as apresentações dos debatedores. 

O incentivo às camadas de menor renda do país para que elas tenham acesso à educação e elas possam também produzir pesquisa. Segundo ponto: a manutenção dessa mão de obra, desses cérebros no país que, a cada dia, nós estamos observando uma fuga muito grande como a reitora citou. 

A senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, fez um apelo para que haja uma mudança de mentalidade e de hábitos no país em relação à pesquisa científica. 

Todas as vezes que tem crise, quem vai ser o primeiro sacrificado? A pesquisa no Brasil. A gente tem que acabar com essa cultura aqui no Congresso Nacional. 

Uma Proposta de Emenda Constitucional apresentada pelo senador Astronauta Marcos Pontes, do PL de São Paulo, prevê que o Brasil aumente a cada ano a aplicação de recursos em ciência, tecnologia e inovação, até alcançar, em 2033, o mínimo de 2,5% do PIB.

 


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