01/12/2022 às 10h56min - Atualizada em 01/12/2022 às 10h56min

Fugindo da miséria no leme de um navio | Portal Obidense

Fugindo da miséria, na Nigéria, três pessoas viajam 2.700 milhas no leme de um navio

Da Redação
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INTERNACIONAL - O site da ONU informa que ‘existem atualmente 46 economias designadas pelas Nações Unidas como os países menos desenvolvidos, o que lhes dá direito a acesso preferencial a mercados, ajuda, assistência técnica especial além de capacitação em tecnologia, entre outras concessões.’ A maioria fica na África. Apesar disso, a Nigéria não é um deles. Contudo, três nigerianos fugindo da miséria  fizeram uma viagem aterradora, amontoados no  leme de um navio que zarpou de Lagos para, 2.700 milhas depois, ou 11 dias, chegar em Las Palmas, Ilhas Canárias. 

Onze inacreditáveis dias no leme de um navio 

Ao me deparar com a matéria da BBCSpanish coastguard finds stowaways on ship rudder (Guarda costeira espanhola encontra clandestinos no leme de navio),  não acreditei.De antemão, achei que fosse fake. Contudo, fui conferir no Google. Para meu espanto estava lá, ao lado de outras do  Guardian, e Washington Post.
Fiquei chocado. E, imediatamente, pensei no sofrimento destes três seres humanos. O quanto eles devem ter sido castigados pela vida para se arriscarem deste modo? Como aguentaram 11 dias no leme, mesmo que seja na ‘caixa’ de leme, um minúsculo buraco no casco de um navio em alto-mar?
 
Segundo a BBC, ‘uma foto compartilhada pela guarda costeira mostra os homens sentados no leme do petroleiro, com os pés a menos de um metro da água.’ 
 
Eles foram levados para o hospital  e tratados por desidratação moderada. Não está claro se  passaram toda a jornada empoleirados no leme.’ 

Navio Althini II 

BBC, ‘O Althini II, de bandeira maltesa, chegou a Las Palmas vindo da maior cidade da Nigéria, Lagos, de acordo com dados coletados por sites de rastreamento marítimo.’
 
Guardian, ‘Txema Santana, assessora de migração do governo das Ilhas Canárias, twittou: “Não é o primeiro e não será o último. Os clandestinos nem sempre têm a mesma sorte.” 
 
As perigosas travessias do norte da África para as Canárias aumentaram drasticamente desde o final de 2019, diz o Guardian, depois de um reforço  nas verificações das rotas do Mediterrâneo. 

Os três nigerianos não foram os primeiros 

E acrescenta, ‘Em outubro de 2020, quatro pessoas se esconderam no leme de um petroleiro de Lagos. De maneira idêntica, esconderam-se por 10 dias antes de serem descobertas pela polícia quando a embarcação entrou em Las Palmas.’
 
Ou seja, eles não foram os primeiros…O site da abcnews confirma: ‘ Outras pessoas foram descobertas anteriormente agarradas a lemes enquanto arriscavam suas vidas para chegar às ilhas espanholas. O Salvamento Marítimo tratou seis casos semelhantes nos últimos dois anos, segundo Sofía Hernández, que dirige o centro de coordenação do serviço em Las Palmas.’

‘Os migrantes podem procurar abrigo dentro da estrutura em forma de caixa ao redor do leme, explicou Hernández. Ainda assim são vulneráveis ​​ao mau tempo. “É muito perigoso”, disse à AP (agência de notícias).’
 
De acordo com o abcnews, ‘Em casos como esses o armador é o responsável por trazer os clandestinos de volta ao ponto de partida, segundo a delegação do governo espanhol nas ilhas.’ 

Dois já foram ‘devolvidos’ ao navio 

Segundo o site especializado em navegação gcaptain.com,  ‘Dois dos três passageiros clandestinos  foram devolvidos ao navio com o objetivo de deportá-los. O terceiro, que sofreu hipotermia e desidratação, ainda não recebeu alta do hospital.’
 
A infâmia enfureceu Helena Maleno, diretora da organização não governamental de migração, Walking Border: ‘Os migrantes deveriam, no mínimo, ter sido informados do seu direito de pedir asilo político e deveriam ter sido questionados antes de serem devolvidos.’
 
Helena acrescentou: “Essas pessoas devem estar em estado de choque. Elas precisam alguns dias para se recuperarem e, a partir daí, explicarem do que fugiam para tomar essa decisão”. 

O que dizer de uma viagem nestas condições? 

Já li muito sobre travessias navais que terminam em tragédias. Ou ainda sobre o sofrimento de náufragos. Mas, estes, são frutos de acidentes; enquanto a deles, uma escolha. Que terrível desesperança os levou a tal decisão?
 
Desde que tomei conhecimento não consigo parar de pensar sobre os 11 dias de horror, angústia, e privação. Mas nem isso comoveu as autoridades. Eles voltarão para o inferno do qual fugiram.
 
“Não é o primeiro e não será o último. Os clandestinos nem sempre têm a mesma sorte.”

Só por isso considerei que vale dividir a informação. Nem que seja para levantarmos as mãos aos céus e agradecer pela sorte que temos.
 
 


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