24/12/2023 às 12h09min - Atualizada em 24/12/2023 às 12h09min

Alta da dívida pública pode frear expansão do PIB brasileiro

Crescimento desordenado de gastos é risco a ser evitado, dizem especialistas

Da Redação
Correio Braziliense

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Professor doutor de Economia da USP, Simão Silber acredita que a economia externa deverá contribuir para uma expansão menor do PIB brasileiro no ano que vem - Foto: Nattanan Kanchanaprat/Pixabay

BRASIL - Professor doutor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Simão Silber acredita que a economia externa deverá contribuir para uma expansão menor do PIB brasileiro no ano que vem. "O crescimento global não deve chegar a 2%, e esse é um número muito baixo para o padrão médio de 3,8% dos últimos 20 anos. O governo não tem instrumental para fazer o PIB crescer de forma mais robusta e, se o presidente Lula fizer o que está falando, vamos ver crescimento menor ainda, porque não é fazendo mais dívida que o crescimento virá", alerta o economista, comentando declarações recentes do chefe do Executivo.

"Acredito que, se houver um mínimo de bom senso e capacidade de persuasão de Fernando Haddad, será possível evitar o crescimento dos gastos de forma desordenada", acrescenta Silber. "A média do crescimento mundial está abaixo do padrão, e 2024 não será um ano bom para economia global. Ela continuará com altos e baixos devido a vários vilões — os efeitos da pandemia de covid-19, a guerra no Leste Europeu e fatores macroeconômicos adversos", explica.

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, ressalta que existem fatores de preocupação em 2024 que precisam estar no radar do debate econômico, como a eleição municipal, que vai determinar o jogo político para 2026, com um orçamento no mesmo patamar da corrida eleitoral de 2022, perto de R$ 5 bilhões. "Devemos ter eleições bastante acirradas e com viés expansionista", aposta.

Fator positivo

Por outro lado, Margato, aponta como um lado positivo para o próximo ano a possibilidade de os Estados Unidos começarem a cortar os juros de forma antecipada, o que poderá ajudar a valorização de ativos de mercados emergentes, como o Brasil. A última decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos) deixou os agentes da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) animados, tanto que o Índice Bovespa (IBovespa) bateu recordes e chegou a encostar em 133 mil pontos nos últimos dias.

"A parte fiscal é o principal risco interno em 2024. Neste momento, é menor do que a gente tinha há um ou dos meses, porque Haddad aprovou muita coisa no Congresso. Mas é a velha história: vãos os anéis e ficam os dedos", destaca Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, em referência ao limite de R$ 23 bilhões para o contingenciamento no próximo ano imposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

De acordo com Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, ainda é possível ser "moderadamente otimista" com relação ao crescimento da economia no ano que vem. Um dos motivos é a expectativa de melhora do ambiente internacional, à medida que o Fed reduzir as taxas de juros. "Isso ajudaria bastante os países emergentes e, em paralelo, a queda forte do preço do barril do petróleo pode contribuir para retirar riscos de inflação do cenário", explica. Na avaliação dele, a queda das taxas de juros no Brasil também pode sustentar a demanda doméstica, contribuindo para o crescimento do PIB mais perto de 2%, ou até mesmo acima disso.

Honorato acredita que existe espaço para corte dos juros para até 9% em 2024, com a inflação em torno de 4%. "Mas o fiscal vai ser um problema se ele provocar desvalorização da moeda. Por enquanto, não estamos com esse risco no radar, porque, apesar de a dívida pública brasileira ainda ser elevada, com o novo arcabouço fiscal, ela deve crescer menos do que a média dos países do G20 (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento mais a União Europeia)", afirma.


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