31/10/2023 às 00h57min - Atualizada em 31/10/2023 às 00h57min

Petrobras comprou créditos de carbono de projeto com suspeita de desmate e licença negada

De acordo com uma análise encomendada pela Verra, falta esclarecer se o desmate foi planejado e com as devidas licenças

Da Redação
Gazeta do Povo

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Floresta Amazônica| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

BRASIL - A Petrobras comprou seus primeiros créditos de carbono em setembro para lançar sua nova gasolina Podium, que chamou de “única gasolina carbono neutro do país”. Mas o projeto Envira Amazônia, pelo qual a estatal diz ter compensado a emissão de 175 mil toneladas de gases de efeito estufa, é suspeito de usar áreas já desmatadas (e irregularmente) na contabilidade desses créditos, além de uma linha de base inferior de medida para neutralizar as emissões. 

Esses problemas levaram a certificadora Verra a negar a renovação da licença do projeto. A negativa ocorreu no dia 23 de maio de 2023, três meses e meio antes do anúncio da compra de créditos e da gasolina “carbono zero” da Petrobras, em setembro. 

De acordo com uma análise encomendada pela Verra, falta esclarecer se o desmate foi planejado e com as devidas licenças. Um outro problema, segundo reportagem da "Folha de S.Paulo" e a organização não governamental WRM, é a presença de comunidades extrativistas de seringueiros dentro e fora do imóvel rural, que contestam a posse do terreno. 

Há outro porém na compra de créditos de carbono da Petrobras. Em janeiro, o jornal britânico The Guardian revelou que vários estudos concluíram que mais de 90% dos créditos de compensação de florestas tropicais de projetos certificados pela Verra em vários países são provavelmente "créditos fantasmas". 

A empresa, que é a maior organização mundial em certificação de créditos de carbono, com clientes como Disney, Shell e Gucci, questiona as metodologias dos estudos. Afirma que as conclusões deles são incorretas. À Gazeta do Povo, a Verra ressaltou que não tem autoridade sobre os créditos que já foram comercializados. 

A Gazeta do Povo procurou a Petrobras sobre o caso desde o dia 13 de outubro. A empresa, porém, só respondeu na segunda-feira (30), após a publicação da reportagem. Disse que a área em questão onde comprou os créditos é particular, não foi desmatada e está preservada. 

"A negativa [da renovação da certificação] não representa uma rejeição do projeto. O responsável pelo projeto pode prover mais detalhes. Entretanto, é importante ressaltar que a Petrobras adquiriu créditos das safras 2019, 2020 e 2021 que estão integralmente válidos, não relacionados à mudança de linha de base solicitada posteriormente", respondeu a estatal. 

A Gazeta do Povo também procurou a CarbonCO, LCC e JR Agropecuária, responsáveis pelo Envira Amazônia, mas nenhuma delas respondeu.

 


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