19/02/2024 às 16h26min - Atualizada em 19/02/2024 às 16h26min

Projeto de Lei pode posicionar o Brasil como defensor dos jumentos

6 milhões de jumentos são abatidos por ano para atender à demanda por remédios tradicionais chineses – enquanto crescem os apelos para acabar com o comércio brutal de peles no Brasil

Da Redação
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BRASIL - Milhões de jumentos estão sendo abatidos para comércio de suas peles no Brasil e em todo o mundo, de acordo com novos números divulgados pela organização internacional de bem-estar animal, The Donkey Sanctuary. 

Estimativas conservadoras da The Donkey Sanctuary sugerem que 5,9 milhões de jumentos precisarão morrer todos os anos para produzir a quantidade de colágeno que é requerida pela indústria do ejiao, e esse número deverá atingir 6,7 milhões até 2027. Ejiao é um remédio tradicional chinês que contém colágeno de jumento como ingrediente principal. 

Isto ocorre num momento em que o impulso contra este comércio brutal está crescendo no Brasil, com um Projeto de Lei atualmente em tramitação no Congresso Nacional que criminalizaria o abate de jumentos em nível nacional. Este projeto está atualmente na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde em breve buscará aprovação do parecer do relator. Se a aprovação do projeto continuar, espera-se que ele se torne lei até o final de 2024. 

A aprovação de uma lei deste tipo posicionaria o Brasil como um dos principais defensores dos jumentos no Sul Global, e a sua ação legislativa poderia funcionar como um modelo para outros países que procuram proteger as populações de jumentos. 

Os jumentos continuam a desempenhar um papel cultural importante no Brasil, conforme destacado pelo evento ‘O Jumento é Nosso Irmão’ no Salão Nobre, na Câmara dos Deputados em Brasília em novembro de 2023. O evento contou com obras de arte e outros objetos culturais do estado da Bahia, assim como de outros estados do Nordeste, onde funcionam atualmente a maioria dos matadouros de jumentos. 

Do outro lado do Atlântico, os líderes da União Africana também demonstraram recentemente o seu compromisso com esta causa, decretando uma moratória sobre o abate de jumentos para a obtenção de pele, aumentando o impulso global contra este comércio bárbaro. 

De acordo com Patricia Tatemoto, Coordenadora de Campanha no Brasil do The Donkey Sanctuary, “Os jumentos ocupam um lugar verdadeiramente único na cultura brasileira, especialmente no Nordeste, que muitas vezes recebe menção de ter sido ‘construído no lombo de um jumento’. Mas a triste realidade é que a atual população brasileira de jumentos enfrenta uma verdadeira crise, com milhares sendo submetidos a uma prática terrível como parte do comércio internacional de pele de jumentos. 

“Os jumentos são animais sensíveis e inteligentes, sujeitos a tratamentos terríveis em todas as fases do comércio de pele de jumento. Pedimos ao Governo que proíba o abate de jumentos no Brasil e acabe com o sofrimento destes animais que ocupam um papel tão importante na cultura deste país.” 

Os pesquisadores da The Donkey Sanctuary utilizaram modelos estatísticos publicados anteriormente, juntamente com os números de produção mais recentes da indústria de ejiao, para fornecer uma estimativa atualizada do número de peles de jumento necessárias para acompanhar o ritmo da demanda crescente. 

Os novos números são publicados num documento informativo de alto nível que estabelece, pela primeira vez num só lugar, recomendações abrangentes para as indústrias e governos que têm o poder de ajudar a pôr fim a este comércio cruel e insustentável. 

Segundo Marianne Steel, Diretora Executiva do The Donkey Sanctuary, “Estes números demonstram a enorme escala do perigo que as populações de jumentos enfrentam em todo o mundo e enfatizam a necessidade de ação imediata e decisiva para acabar com o devastador comércio de pele de jumento. 

“Diante desta crise, é extremamente importante ver países como o Brasil se movimentando para tornar ilegal o abate de jumentos para obter suas peles, e os posiciona firmemente na vanguarda dos esforços globais de conservação de jumentos. Com esforços semelhantes sendo feitos na África, temos esperança de que 2024 será um ponto crítico para a proteção dos jumentos e o início do fim para o comércio de pele de jumento.”

 


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