30/03/2018 às 08h38min - Atualizada em 30/03/2018 às 08h38min

Operação Skala, pedida pela procuradora-geral da República Raquel Dodge e autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso cumpriu decreto de prisão temporária

Informações: APP Meio
Por: Walmir Ferreira

BRASIL - O presidente Michel Temer deu sinal de que não sentiu o impacto. No final da manhã de ontem, inaugurou um novo terminal no Aeroporto de Vitória como se nada estivesse acontecendo. Mas, algumas horas antes, dois dos homens mais ligados a ele — o advogado José Yunes e o ex-coronel PM João Baptista Lima Filho — haviam sido presos na Operação Skala, pedida pela procuradora-geral da República Raquel Dodge e autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso. No primeiro momento, o pedido haveria sido de condução coercitiva. Mas, por ter sido proibida pelo ministro Gilmar Mendes, foram expedidos decretos de prisão temporária. Além deles, foram presos também o empresário Antônio Greco, dono da empresa Rodrimar, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, que presidiu entre 1999 e 2000 a Companhia Docas de São Paulo, e outros nove.

Os mandados são relacionados ao inquérito que investiga uma suposta concessão de vantagens a empresas portuárias em troca de propina na edição do Decreto dos Portos, de maio de 2017. As ordens de prisão valem por cinco dias.

O advogado José Yunes é amigo de Temer faz mais de 50 anos. Em outro tempo — 1982 —, denunciou em livro a corrupção de Paulo Maluf, em São Paulo. Se definia como um ‘psicoterapeuta político’ do presidente. Foi um assessor de tal confiança que tinha sala no terceiro andar do Planalto, o mesmo do chefe. Demitiu-se do cargo em dezembro de 2016, quando um executivo da Odebrecht afirmou em delação ter entregue dinheiro vivo em seu escritório, para que fosse repassado ao presidente.

Aliás... Ele falou com a jornalista Mônica Bergamo segundos antes de ter que entregar o celular à polícia. “É um absurdo”, afirmou. “É um caso em que já depus e tudo.” (Folha)

A amizade com o coronel João Baptista Lima é mais recente — o PM foi assessor de Temer quando este era procurador-geral do governo Franco Montoro, na São Paulo dos anos 1980. Era quem apaziguava as crises de ciúmes da primeira mulher do presidente. Foi também delatado por um sócio da empreiteira Engevix, que afirmou ter-lhe entregue cerca de R$ 1 milhão em propinas. Papeis encontrados no seu escritório numa busca e apreensão sugerem que Lima cuidava de muitas das contas pessoais de Temer. (Globo)

Entre os pontos de atenção da Polícia Federal está a reforma da casa de Maristela Temer, filha do presidente, realizada pela arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima. Ela teria pago aproximadamente R$ 100 mil em espécie. (Globo)

Valdo Cruz: “As prisões de amigos do presidente nesta quinta geram tensão no Planalto e, principalmente, receio de que o emedebista seja alvo de uma nova denúncia da Procuradoria Geral da República, o que pode inviabilizar completamente qualquer pretensão de disputar a reeleição neste ano.”

Rodrigo Janot, ex-Procurador-Geral da República, autor de duas denúncias contra Temer, no Twitter: “Começou? Acho que sim.”

Míriam Leitão: “A operação Skala trouxe muitos sinais e nenhum é bom para o governo Temer. O primeiro é que todo o esforço que fez para bloquear no Congresso as duas primeiras denúncias da Procuradoria-Geral da República não o blindaram. Venceu as batalhas, mas não a guerra. Ele conseguiu derrubar as duas denúncias porque há no Congresso um sentimento de autoproteção, muitos dos que votaram a favor dele são alvo, ou temem ser, da operação anticorrupção. O sinal mais importante dado com as prisões de ontem é o de que o movimento de combate à corrupção continua forte e atuante e que o alvo da operação Lava-Jato nunca foi apenas um partido ou uma tendência política, mas a corrupção esteja onde estiver.” (Globo)


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