04/01/2022 às 13h25min - Atualizada em 04/01/2022 às 13h25min

Neurocientista é contra o reencontro de pessoas mortas via realidade virtual | Portal Obidense

“Fazer a mãe observar uma filha que morreu em 2016 em realidade virtual foi algo cruel” comenta pesquisador Fabiano de Abreu sobre caso ocorrido na Coréia

Por: Fabiano Abreu

MUNDO - Um vídeo gravado na Coréia mostra uma experiência de realidade virtual onde uma mãe viu sua filha que morreu em 2016. No material, é possível ver a mãe, a equipe que realizou a gravação e também a plateia chorando. Embora tenha despertado grandes emoções, o PhD neurocientista, biólogo e psicanalista Fabiano de Abreu considera o ocorrido cruel e prejudicial para o processo de luto vivido pela mãe. 
 
Segundo PhD neurocientista Fabiano de Abreu, a realidade virtual é somente virtual: não se trata de algo real, vivo, de algo capaz de satisfazer as necessidades humanas - ao contrário, essa ação prejudica o processo de luto. Devido à dor e saudade, pode parecer que em um primeiro momento a experiência virtual de reviver um ente morto seja benéfica. Todavia em seguida: “a percepção real de que aquilo não é verdadeiro, cria uma expectativa, aumenta a pendência, que é semântico à ansiedade e suas consequências”, explica especialista em neurociência. 

 
A dor do processo de luto desencadeia emoções terríveis no indivíduo: "nem sempre conseguimos lidar com as nossas emoções. Por isso pessoas buscam terapias, pois o cérebro pode moldar se de acordo com a tristeza, trazendo consequências como doenças ou transtornos mentais”, alerta o PhD neurocientista Fabiano de Abreu. Todavia, o neurocientista destaca que embora a realidade virtual promova uma emoção momentânea, ela prejudica o processo de superação do luto a longo prazo. 
 
Criar uma simulação computadorizada de um ser humano que morreu é uma tentativa de fuga da realidade que prejudica o processo de luto. Fabiano de Abreu adverte que “o melhor remédio para o luto, são as boas memórias formatadas. É a superação mediante a adversidade. A consciência de que deve-se girar a chave e formatar uma vida sem a pessoa e, esta, tem sua importância na lembrança que impulsiona para a tomada de decisões”, afirma o especialista em psicanálise e neurociência.
 
Segundo o neurocientista Fabiano de Abreu, ao invés de promover um processo de cura, onde a dor pode ser superada, a realidade virtual só pode apenas tentar disfarçar a dor e  aprisionar o indivíduo nela. Quando a pessoa está presa em sua dor, ela não possui a liberdade de moldar o seu cérebro em prol da adaptação e consequentemente a superação da sua perda.  
 
 
O reencontro de pessoas mortas via realidade virtual é prejudicial para o processo de luto





 
Em um caso ocorrido na Coréia, a mãe viu em realidade virtual a filha morta em 2016, uma experiência cruel e não benéfica
 
Um vídeo gravado na Coréia mostra uma experiência de realidade virtual onde uma mãe viu sua filha que morreu em 2016. No vídeo é possível ver a mãe, a equipe que realizou a gravação e também a plateia chorando. Embora tenha despertado grandes emoções, o que essa mulher viveu foi algo cruel e prejudicial para o seu processo de luto.
 
A realidade virtual é somente virtual: não se trata de algo real, vivo, de algo capaz de satisfazer as necessidades humanas - ao contrário, essa ação prejudica o processo de luto. Pode parecer que em um primeiro momento a experiência virtual de reviver um ente morto seja benéfica, todavia em seguida, perceber que aquilo não é verdadeiro, não é algo real, cria uma expectativa e aumenta a pendência, que é semântico à ansiedade e suas consequências.
 
No processo de luto, a dor vivida desencadeia emoções terríveis no indivíduo. Nós, humanos, nem sempre conseguimos lidar com as nossas emoções. Por isso pessoas buscam terapias, pois o cérebro pode moldar se de acordo com a tristeza, trazendo consequências como doenças ou transtornos mentais. Todavia, embora a realidade virtual promova uma emoção momentânea, a longo prazo práticas como essa prejudicam o processo de superação do luto. No final, a dor não é amenizada, mas sim ampliada. 
 
Criar uma simulação computadorizada de um ser humano que morreu é uma tentativa de fuga da realidade que prejudica o processo de luto. O melhor remédio para o luto, são as boas memórias formatadas. É a superação mediante a adversidade. A consciência de que deve-se girar a chave e formatar uma vida sem a pessoa e, esta, tem sua importância na lembrança que impulsiona para a tomada de decisões.
 
Ao invés de promover um processo de cura, onde a dor pode ser superada, a realidade virtual só pode apenas tentar disfarçar a dor e aprisionar o indivíduo nela. Quando a pessoa está presa em sua dor, ela não possui a liberdade de moldar o seu cérebro em prol da adaptação e consequentemente da superação de sua perda. 
 
Sobre o Fabiano de Abreu

PhD, neurocientista, mestre psicanalista, biólogo, historiador, antropólogo, com formações também em neuropsicologia, psicologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica - Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, UniLogos; Membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências. Universidades em destaque: Logos University International, UniLogos, Nova de Lisboa, Faveni, edX Harvard, Universidad de Madrid.


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