12/05/2016 às 11h53min - Atualizada em 12/05/2016 às 11h53min

Dilma Rousseff deixa a Presidência da República após senado abrir processo de impeachment

Em falas interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a presidente afirmou que cometeu erros, mas não cometeu crimes de responsabilidade fiscal.

Com informações de agências/ Portal Obidense
Foto: Estadão Conteúdo

BRASÍLIA - Cercada por dezenas de ex-ministros, parlamentares e servidores do Palácio do Planalto, a presidente afastada Dilma Rousseff faz neste momento um pronunciamento à imprensa em que classificou o processo contra ela de "impeachment fraudulento".

Dilma Rousseff admitiu que pode ter cometido erros, mas enfatizou que não cometeu crimes e que está sofrendo injustiça, a "maior das brutalidades que pode ser cometida".

"Não cometi crime de responsabilidade. Não tenho contas no exterior, jamais compactuei com a corrupção. Esse processo é frágil, juridicamente inconsistente, injusto, desencadeado contra pessoa honesta e inocente. A maior das brutalidades que pode ser cometida por qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu", disse.

Em falas interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a presidente lembrou que foi eleita por 54 milhões de brasileiros e disse que o que está em jogo não é somente o seu mandato.

"O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas. À vontade soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo é a proteção às crianças, jovens chegando às universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o futuro do país, esperança de avançar cada vez mais. Quero mais uma vez esclarecer fatos e denunciar riscos para país de um impeachment fraudulento. Um verdadeiro golpe", declarou.

No pronunciamento, Dilma estava acompanhada de seus ex-ministros e parlamentares aliados, como a ex-ministra Eleonora Menicucci (das Mulheres), Kátia Abreu (da Agricultura) e Giles Azevedo (assessor especial). Dilma deu a declaração no Salão Leste do Palácio do Planalto que estava lotado de servidores que vieram dar apoio à presidente afastada. Eles entoaram palavras de ordem: “É golpe”, “Golpistas, fascistas não passarão”, “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.

Dilma lembrou da tortura que sofreu durante a ditadura militar e do câncer que teve, mas afirmou que nenhuma dessas dores são mais fortes do que a que sofre agora. "Muitos (desafios) pareceram a mim intransponíveis, mas eu consegui vencê-los. Eu já venci a dor da tortura e da doença e agora eu sofro a dor igualmente inominável da injustiça. O que mais dói é a injustiça e é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política", afirmou.

Saída
A presidente saiu do Palácio do Planalto pela porta principal que fica no térreo do prédio. Em um cercado próximo à rampa, servidores da Presidência, em sua maioria mulheres, recepcionaram e acompanharam até a avenida em frente ao Planalto, onde estão concentrados milhares de manifestantes de apoio a ela.

Notificação

Dilma recebeu a intimação de seu afastamento da Presidência, decidido na manhã desta quinta-feira pelo Senado, das mãos do senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário da Casa. Com isso ela fica afastada do cargo por até 180 dias, até que o Senado decida seu julgamento.

O Senado aprovou, por 55 votos a favor e 22 contra, a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com isso, o processo será aberto no Senado e Dilma é afastada do cargo por até 180 dias. Os senadores votaram no painel eletrônico. Não houve abstenções. Estavam presentes 78 parlamentares, mas 77 votaram, já que o presidente da Casa, Renan Calheiros, se absteve.


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