02/10/2020 às 14h54min - Atualizada em 02/10/2020 às 14h54min

Um dia qualquer pelas ruas de Óbidos nos anos 80 | Portal Obidense

Na cidade velha muitas lembranças, são estória de saudade de filhos distantes, como conta Alessandro Savino

Alessandro Savino

ÓBIDOS - Pés descalços na via quente de cimento armado e a cada passo nos impelia para o futuro, o vento no rosto desfraldava a nossa inocência,  braços e mãos nuas, em frenéticos movimentos harmônicos nos davam equilíbrio necessário pra seguirmos  sempre em frente, sonhos revolvendo nossos pensamentos sobre o futuro que nos aguardava logo ali. Subíamos a Rua Bacuri, paqueras discretas e olhares trocados ao passar pelo colégio São José, íamos subindo a ladeira, ao passar pela Prefeitura e Casa leis, conversas ao vento com os amigos ali sentados em suas imediações e mais uns passos adentrávamos na Mercearia do seu Chico Coelho , tradicional comércio de secos e molhados, vendia-se de tudo um pouco, duas coisa nos chamávamos à atenção: a balança no Balcão e acima dela disposta numa prateleira o Baleiro / Bomboniere giratória de vidro e logo éramos abduzidos pelo mundo colorido de  sabores dos bom bons e chocolates.  Gira bala gira mundo.

Uma vez matada a vontade....prosseguíamos subindo a rua e no entrelace da Rua Bacuri com a travessa Elói Simões, lá estava o simbólico e tradicionalíssimo Bar e Sorveteria Andrade, o guardião dos sabores da terra e logo viajávamos na degustação dos sorvetes de cupuaçu, açaí, taperebá, peroba , graviola, cacau, uixi, araçá, abacate, banana, tamarindo, bacuri, goiaba, abacaxi, uva, ameixa coco, tapioca, nata, chocolate, creme, baunilha etc. Se nossa reminiscências não nos traem, foram os melhores sorvetes que tomamos em nossa trajetória terrena. Mais uns passos derradeiros e chegávamos Á Praça de Sant'ana,  de alma aberta e cheio de esperança, a bola de capotão saltitava avisando a todos nós que era a hora das infindáveis partidas de futebol no lendário Barreirão, berço de vários craques da nossa geração, gira bola gira mundo.


Reuníamos no entorno do banco da Praça, em frente a Associação Recreativa Pauxis - ARP, debaixo dos pés de flamboyant e das frondosas castanholeiras, colocávamos o papo em dia e em seguida dirigíamos para o campinho do Barreirão, depois do futebol íamos tomar tacacá, comer berlinda, cascalho na banca da saudosa Dona Basília, que abusava da sombra de uma velha seringueira  que silenciosamente testemunhava a nossa História, tinha outros que preferiam matar a sede tomando o simpático e delicioso  Guaraná Fran, no Bar do seu Corujão e da Dona Risete, entre uma guloseima e outra e muita conversa fora,  ainda sobrava  tempo para as paqueras despretensiosas.

Assim terminávamos o dia, como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo, e hoje olhamos para atrás e ainda enxergamos as primeiras luzes de uma aurora feliz. Tantos sonhos perdidos, e  realizados,  jamais imaginávamos que chegaríamos tão longe. A vida é guardiã de nossas lembranças e quanta saudades ainda existe em cada um de nós. Viva Óbidos, terras dos pauxiaras !!!


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