09/10/2019 às 11h56min - Atualizada em 09/10/2019 às 11h56min

Tacacá, iguaria de sabor inigualável que virou tema cultural no Largo de São Sebastião

Por: Walmir Ferreira e Thassya Simões
Em pé Joaquim Melo adm. projeto Tacacá na Bossa ao fundo Tacacaria Gisela | Foto: Walmir Ferreira
MANAUS – Antes o que muitos chamavam bebidas de índio, hoje se tornou uma das iguarias mais apreciadas por pessoas de diversas regiões do Brasil. Tipicamente da região norte o tacacá, de origem indígena, feito a base, de tapioca (goma de mandioca), tucupi, jambu e camarão seco é uma das iguarias que faz parte da culinária amazônica, seu sabor é afrodisíaco e deixa os lábios dormente causando uma espécie de êxtase para seu consumidor.

Seu sabor e aroma invadiu o mundo, chamado de sopa pelos turistas, antes consumida por índios, uniu brancos, negros e nativos. Sua forma de preparo consiste em técnica herdada de geração em geração, é pelo seu ponto de tempo, “tempo do cozi” que seu gosto é apurado, dessa forma grandes “tacacazeiras” se destacaram, pois esta arte é restrita a elas.

O Tacacá e a profissão de tacacazeira é tão importante que em alguns estados como no Pará e Rondônia a profissão virou patrimônio cultural e imaterial surgindo associações de classe, uma forma de valorizar a profissão e passar para futuras gerações. Existem estudos investigativos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que nosso tesouro amazônico vire patrimônio da humanidade.

Tacacá sendo servido | Foto: Walmir Ferreira

Em Manaus, essa iguaria ganhou espaço no Largo São Sebastião, localizado no Centro da Cidade, é um dos lugares mais acessível para ser visitado em Manaus, onde parte do complexo arquitetônico da cidade se pode ver e visitar em questões de metros. Nesse local o Tacacá ganhou um dia especial e virou destaque tendo o dia da quarta-feira com o “Tacacá na bossa”, mistura da iguaria a musicalidade regional.

Para os amazonenses virou uma espécie de happy hour (Hora feliz), famílias inteiras visitam o largo para ouvir a boa música e tomar o famoso Tacacá.

No largo funciona a banca do Tacacá da Gisela que funciona diariamente das 16hs às 22hs, vende em média 100 cuias de tacacá por dia atingindo faturamento mensal bruto de 66 mil reais.

Falamos com seu Joaquim Melo responsável pelo projeto Tacacá na Bossa e que também administra junto com dona Rosa Melo sua esposa Tacacaria. “Quando o Largo foi revitalizado em 2004, a Secretária de Cultura do Município, queria colocar uma comida que identificasse a nossa região, e eles escolheram o Tacacá. Montamos a banca e colocamos o nome de Gisela, em homenagem a uma negra barbadiana que vendia essa iguaria neste local na década de 70”.

Depois do grande sucesso no largo, a banca da Gisela passou a ser conhecida regional e internacionalmente onde já ganhou vários prêmios. Porém com a crise econômica o movimento diminuiu: “Chegamos a vender em média 600 cuias de tacacá por dia, porém com a crise diminuiu drasticamente, hoje chegamos a vender 100 cuias na semana e aumenta no final de semana para 200 a 250, somos visitados por amazonenses nossos cliente fiel e também muitos turista que venham conhecer e degustar de nosso tacacá”. Finalizou Joaquim.

Andrew e Abraão tomando tacaca da Gisele - Largo de são Sebastião | Foto: Walmir Ferreira

Encontramos dois jovens de Manaus Andrew de 26 anos e Abraão 24 anos de idade, que disseram ser apreciadores do tacacá e sempre que podem visitam as várias tacacarias da cidade, Para eles o Tacacá da Gisele é muito bom mas existe outros lugares que o tacaca é mais identificado com o sabor da Amazônia, disse Andrew: “Hoje viemos aqui no largo tomar o tacacá da Gisele, já conheço porém existe outras tacacarias como a Parintins no Parque Dez de excelente qualidade. Aqui do largo na minha opinião não encontramos a identidade dele tão boa, primeiro a quantidade bem menor do tucupi e jambu, pelo preço, segundo o gosto não é acentuado em relação aquela sensação do gosto na boca, digo a dormência”.

Ao lado de um amigo o casal do Rio de Janeiro com as cuias na mão -
Filipe e Clara | Foto Walmir Ferreira

Para o casal carioca Filipe e Clara que visitam Manaus pela primeira vez aprovaram o sabor e acharam delicioso: “Eu já tinha tomado tacacá no Rio de Janeiro, lá tem um restaurante com tacacá do Pará, porém estou achando este aqui muito mais gostoso em relação ao tempero e a textura”. Disse Felipe.

Para Clara: “É a primeira vez que tomo tacaca na vida e estou achando delicioso, adorei a experiência”.

Todos as quartas funciona o projeto cultural “Tacaca na Bossa” caso tenha um espaço em sua agenda levar a família ouvir boa música e degustar dessa maravilhosa iguaria Amazônia, o valor da cuia esta 22 reais.


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