04/06/2018 às 08h25min - Atualizada em 04/06/2018 às 08h25min

Vida e obras, legado de Dom Floriano Loewenau, 1º bispo prelado de Óbidos

... E assim foi D. Floriano, levou um pouco de nós, e deixou um pouco de si. Acredito que de Óbidos levou muitas lembranças e nos deixou muitas lembranças, ainda hoje contadas de forma emocionadas e saudosas

Por: Carlos Augusto Sarrazin Vieira
Foto: Dom Floriano em Tiriós - Fotos: Óbidos de Antaho e Museu de Óbidos
ÓBIDOS - Dom Floriano nasceu na cidade de Snopken (Alemanha), no dia 24 de maio de 1912. Era filho do casal Johan Loewenau e de D. Augusta Loewenau. Desde sua mais tenra idade demonstrou sua vocação religiosa.

No início da década de 30 (século XX), o jovem Floriano chegou ao Brasil, ingressando na Ordem dos Frades Menores – OFM, no dia 31 de março de 1931. Foi ordenado Padre na cidade de Salvador (BH), no dia 22 se maio do ano de 1937. No ano seguinte, foi transferido para a Prelazia de Santarém, localizada na longínqua Amazônia, onde iniciou seus trabalhos pastorais. Em 19 de outubro de 1944, foi nomeado Comissário dos PP. Franciscanos da Prelazia. No dia 08 de setembro de 1950, foi nomeado Bispo da Prelazia de Santarém, (que em ordem cronológica, foi o quarto), tomado posse no dia 08 de dezembro do mesmo ano.

Com a criação da Prelazia de Óbidos no dia 10 de abril de 1957, através da Bula Papal Cum sit animorum, assinada pelo papa Pio XII e em seguida desmembrada da Prelazia de Santarém, Dom Floriano foi nomeado Bispo da nova Prelazia, composta de seis Paróquias (Óbidos, Oriximiná, Alenquer, Juruti, Faro e Terra Santa), tomando posse no dia 02 de fevereiro do ano seguinte, considerada uma das maiores Prelazias do mundo em extensão territorial.

Como Bispo Prelado de Óbidos, utilizou seu dinamismo e competência, para desenvolver notáveis trabalhos em prol da educação do município, fundando o primeiro Curso Secundário com o apoio das Irmãs da Congregação Missionária da Imaculada Conceição, edificação da escola Profissional São Francisco, que tinha por objetivo a preparação dos jovens para o mercado de trabalho, assim como inúmeras escolas na zona rural, utilizando seu admirável prestígios junto as autoridades locais e regional.

Na área da saúde, recebeu a delegação de poderes do Governo do Estado do Pará, concluiu o atual prédio da Santa Casa de Misericórdia de Óbidos, iniciado no ano de 1953 pelo então gestor, Dr. Raymundo da Costa Chaves. Em seguida, pôs a funcionar, tornando um hospital de referência no atendimento de pacientes do município de Óbidos e demais municípios circunvizinhos.

Com a ajuda da população, construiu o aeroporto municipal de Óbidos, recebendo posteriormente apoio da Aeronáutica, assim como construiu um Asilo e Albergue com o objetivo de atender principalmente pessoas idosas e desamparadas, cujo funcionamento deixou de ocorrer, na primeira década do presente século.

No final dos anos 50 e início da década de 60, uma parceria entre a Força Aérea Brasileira – FAB, e a Prelazia de Óbidos, sob a representação de D. Floriano, funda a Missão Tirió, localizada na margem direita do Rio Cuminá, no Parque Nacional de Tumucumaque, próximo à fronteira com Suriname, e índios da região do Rio Trombetas, foram para lá levados, entre eles, os Kachuyanas passando a conviver com tribos já existentes, inclusive os Tiryós.

Outras obras construídas no bispado de D. Floriano, na Paróquia de Óbidos (não está incluída as outras Paróquias): construção da Capela de Lourdes; construção do salão Paroquial Sant’Ana; Aquisição dos relógios da Matriz; construção de um parque infantil localizado na rua João Pessoa, hoje, Antônio Brito de Souza; reforma da Matriz, com a construção da Capela do SS. Sacramento, Capela de Confissão e do altar central; Cliper de Sant’Ana; Construção da Capela do Sagrado Coração de Jesus, etc.

No dia 07 de dezembro de 1972, Dom Floriano renuncia o bispado. “Lembro-me do dia de sua despedida, tinha 11 anos e fui em companhia de minha querida e saudosa mãe, e pude presenciar o Salão Paroquial lotado e no semblantes da população presentes, podíamos ver um misto de tristeza e o rolar de lágrimas”.
No dia 04 de junho de 1979, a população ouvia o cantar fúnebre dos sinos da Matriz anunciando a morte de seu eterno e carismático bispo ocorrido na cidade de São Paulo.  Posteriormente transportado para a cidade de Florianópolis, onde foi sepultado.

 
No dia 04 de junho de 1979, a população ouvia o cantar fúnebre dos sinos da Matriz anunciando a morte de seu eterno e carismático bispo ocorrido na cidade de São Paulo.  Posteriormente transportado para a cidade de Florianópolis, onde foi sepultado.

No dia 04 de junho de 1986, munícipes de Óbidos recebiam emocionados os restos mortais do grande pastor, que havia retornado para seu descanso eterno em uma das dependências da Matriz de Sant’ Ana.

Como forma de eternizá-lo, a Câmara Municipal de Óbidos através de um projeto de Lei (se não me falha a memória, de autoria do ex-Vereador Hugo Antônio Ferrari), declara o dia 04 de junho como feriado municipal.

Ao concluir este pequeno artigo, faço minha as palavras do filósofo Francês Antoine Saint-Exupéry, “Cada um que passa em nossas vidas, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nem uma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há uns que levam muito, mas há os que não levam nada. Há os que deixam muito, mas há os que não deixam nada.” E assim foi D. Floriano, levou um pouco de nós, e deixou um pouco de si. Acredito que de Óbidos levou muitas lembranças e nos deixou muitas lembranças, ainda hoje contadas de forma emocionadas e saudosas por todos aqueles que tiveram o privilégios de conviver com o grande líder espiritual.


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