12/11/2015 às 16h56min - Atualizada em 12/11/2015 às 16h56min

Registro de patrimônio cultural garantirá valorização do Carimbó

O ritmo paraense é considerado agora Patrimônio Cultural Brasileiro, o processo de inventário para registro do Carimbó durou cerca de dez anos.

Agência Pará de Notícias

Fotos: Carlos Sodré

BELÉM - O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou a entrega do Certificado de Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro nesta quarta-feira, 11, no Museu do Estado do Pará, durante a Semana do Patrimônio Paraense. O evento foi realizado em parceria com o Governo do Estado do Pará, por meio do Sistema Integrado de Museus e Memoriais.

Segundo Ciro Lins, técnico de Antropologia do Iphan, o processo de inventário para registro do Carimbó durou cerca de dez anos e, no ano passado, foi aprovado por unanimidade, em Brasília, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, formado por representantes da União e da sociedade civil. “O primeiro passo após esse reconhecimento como patrimônio cultural brasileiro é justamente implementar as ações de salvaguarda que visam a curto, médio e longo prazo valorizar, difundir e garantir a transmissão dos conhecimentos relacionados ao Carimbó para as próximas gerações“, observa Lins.

Para isso, o Iphan pretende capacitar agentes comunitários de cultura, fazendo registros, gravações, elaborando materiais didáticos para serem utilizados em redes públicas de ensino, entre outras ações. “Mas de fato quem deve

indicar as ações que devemos executar são os próprios mestres, que vivem a realidade direta e as suas dificuldades. Já visitamos cerca de 25 municípios acompanhando a campanha do Carimbó, ocasiões nas quais pudemos ouvir quais são os problemas enfrentados por esses grupos na produção Carimbó. Toda ação de salvaguarda só acontece em total e perfeita comunicação com as pessoas que produzem e reproduzem o Carimbó”, destaca o técnico do Iphan.

O pedido de registro do Carimbó como patrimônio imaterial do Brasil foi apresentado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, pela Associação Cultural Japiim, pela Associação Cultural Raízes da Terra e pela Associação Cultural Uirapurú. Entre os anos de 2008 e 2013, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan e a Superintendência do Iphan no Pará conduziram o processo de registro e realizaram pesquisas para a identificação do Carimbó em diversas localidades do Estado.

Isaac Loureiro, coordenador da campanha do Carimbó, diz que todo o processo em busca desse registro começou em 2005, no município de Santarém Novo (PA), quando foi realizado o primeiro seminário para discussão dos rumos para o Carimbó com a presença do Iphan. Na ocasião, foi apresentado o Programa de Patrimônio Imaterial que oferecia a possibilidade de registrar o Carimbó como Patrimônio Nacional. “Aquilo nos interessou pela possibilidade de torná-lo um bem nacional. Avaliamos que poderia ser uma oportunidade que abriria portas para buscar uma valorização efetiva de um bem cultural que é típico do Pará, falado em todo o mundo, mas que na realidade carece de apoio e políticas específicas”, ressalta Loureiro.  

Criado no século XVII por negros africanos do nordeste do Pará e com influências indígena e ibérica, o Carimbó é uma das mais tradicionais expressões culturais do Estado do Pará e da região amazônica brasileira. Hoje, a expressão Carimbó é utilizada majoritariamente como referência à expressão que envolve festa, música e coreografia características e tradicionalmente reproduzidas no nordeste paraense. Os temas das canções, em geral, são alusivos a elementos da fauna e da flora da região, ao dia a dia do trabalho e às práticas cotidianas. No ato comemorativo, dançarinas e grupos de Carimbó fizeram uma apresentação ao ar livre em frente ao Palácio Lauro Sodré. 


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