Epidemia em Óbidos

A epidemia do “cólera-morbus” em 1855 chegou através da galera a Defensor

A história contada a traves das Crônicas Pauxis. Na Colônia Militar de Óbidos foi registrado 419 pessoas foram afetadas pela doença, sendo 122 mortes.

Em 15 de maio de 1855, aportava em Belém a galera “Defensor” (não confundir com a “Defensora”, que anos antes serviu de cemitério a muitos cabanos, presos durante as revoltas de 1835 a 1840), proveniente da cidade do Porto (Portugal) com destino a Belém. A “Defensor” vinha trazendo duzentos e oitenta e oito colonos destinados à Colônia Militar de Óbidos (de um total de 322 pessoas à bordo), sob o comando do capitão Rafael Antônio Pereira Caldas. Infelizmente, uma pequena bactéria vinha “de carona” à bordo, trazendo consigo uma epidemia que marcaria aquele ano em toda a Amazônia. 

Logo quando chegou em Belém, a “Defensor” trazia o anúncio da morte consigo. Durante a viagem 36 pessoas haviam falecido à bordo da “Defensor”. Apesar das mortes evidentes, atribuiu-se sua causa a maus tratos e à péssima alimentação. Uma comissão acabou por liberar a galera para prosseguir a viagem até a Colônia Militar de Óbidos no dia 23 de maio de 1855. Ficaram, em Belém, trinta e dois colonos da “Defensor” que tomaram bordo no vapor “Tapajós” (que fazia linha até Manaus), com destino a Óbidos, dois deles morreram durante a viagem. Logo depois o vapor “Marajó” seguiu o mesmo percurso. A desgraça estava feita.

No dia 11 de junho de 1855 a doença eclodiu em Óbidos. Algumas pessoas amanheciam bem de saúde e no cair da tarde já estavam mortas. Algumas morriam apenas quatro horas após a manifestação dos primeiros sintomas. Segundo as informações oficiais, até o dia 31 de outubro do mesmo ano, 419 pessoas foram afetadas pela doença, sendo 122 mortes. O número extra-oficial, entretanto, pode alcançar mais que o dobro, visto que muitas pessoas no interior do município não informaram os dados às autoridades.

Merece fazer aqui a menção de dois fatos importantes deste período: a Vila de Faro teve uma conduta digna dos povos mais inteligentes, isolado, colocou expedições de homens armados evitando que entrassem na Vila qualquer embarcação suspeita. Não há registro de nenhuma vítima da epidemia naquela vizinha Vila. O outro fato foi o cumprimento da promessa popular de concluir a capela de Bom Jesus, que hoje ainda está de pé, como penhor de agradecimento daqueles que escaparam vivos da maior hecatombe epidêmica do século XIX entre a população obidense.

Por: Sidney Canto

Foto: Porto de Óbidos - Meramente Ilustrativa - não é do periódo

 

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