04/06/2018 às 13h34min - Atualizada em 04/06/2018 às 13h34min

O primeiro bispo da prelazia de Óbidos, hoje completa 39 anos de falecido é feriado na cidade

Pelo seu legado recebeu muitas homenagens, seu nome foi dado a Hospital, escola, rua da cidade. Seu resto mortal encontra-se na catedral de Sant´Ana

Inf. Livro Cronicas Pauxis - Pe. Sidney Augusto
Por: Walmir Ferreira
Foto: Arquivo Museu de Óbidos - Dom Floriano, Dom Anselmo (centro) Dom Tiago
ÓBIDOS - Um fato marcante para a vida da Igreja Católica em Óbidos ocorreu em 10 de abril de 1957 quando pela Bula “Cum sit animorum”, do Papa Pio XII, é criada a Prelazia de Óbidos, com território desmembrado da Prelazia de Santarém. Não podemos deixar de mencionar que o grande responsável pela criação da nova Prelazia foi o próprio Bispo Prelado de Santarém, Dom Floriano Loewenau, que no mesmo ano da criação foi nomeado o primeiro Bispo Prelado de Óbidos, tomando posse quando da instalação da Prelazia, ocorrida a 02 de fevereiro do ano seguinte. Dom Floriano Löwenau, OFM, ainda recordado pelo povo com imenso reconhecimento pelo muito que fez pelo atendimento religioso, social e cultural da população.

Ele nasceu na Alemanha, cidade de Snopken no dia 24 de maio de 1912. Entrou na Ordem dos Frades Menores, em 31 de março de 1931. Nomeado bispo Prelado de Santarém, a 8 de setembro de 1950. Transferido para a Prelazia de Óbidos (PA), a 12 de setembro de 1957. Faleceu em São Paulo em 04 de junho de 1979, sepultado na cidade de Florianópolis - SC. Através da lei 2.834 de 09 de novembro de 1979 a Câmara municipal de Óbidos, autoriza a prefeitura financiar o translado dos restos mortais de Dom Floriano, sepultado na Catedral de Óbidos, a 04 de junho de 1986. Na época a lei foi assinada pelo prefeito Cap. Raimundo Nonato B. do Nascimento que tinha como secretário municipal Hugo Antônio Ferrari.

Como era Óbidos antes de Dom Floriano?

No Plano Social
Segundo dados do IBGE, a população de Óbidos em 1950 era de 16.083 habitantes, com a seguinte composição: Homens eram 8.009, mulheres eram 8.074; brancos eram 5.914, pardos 9.370, negros 759, amarelos (asiáticos) eram 15; das pessoas com mais de 15 anos (8.702), 4.426 eram solteiras, 3.678 eram casadas, 589 eram viúvas e 4 eram desquitadas; existiam 54 estrangeiros e 5 brasileiros naturalizados. A população católica era de 15.692 pessoas.

As principais comunidades fora da sede do município eram: Rio Branco, com 1.260 moradores; Flexal, com 1.020 moradores; Igarapé-açu, com 1.280 moradores e São José, com 1.130 moradores. O Departamento Estadual de Estatística calculava a população de Óbidos, em fins do ano de 1956, em 18.129 habitantes.
A cidade de Óbidos contava, em 1956, com 27 ruas, 950 prédios, duas praças, e era servida de água encanada (atendendo 344 domicílios) e eletricidade (que atendia a 335 domicílios). Possuía ainda um hospital particular (com um médico e seis enfermeiros) e um posto de higiene do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).

No Plano Econômico
Na metade da década de 1950, Óbidos possuía nove estabelecimentos industriais, sendo que dois se destinavam à prensagem da juta, duas olarias para fabricação de tijolos e telhas, uma usina de beneficiamento de arroz, uma de castanha, uma fábrica de mosaicos, uma fábrica de calçados e um matadouro. Além destas diversas famílias se dedicavam à fabricação de farinha de mandioca.

Das pessoas em idade ativa (na época considerava-se acima dos 10 anos de idade), cerca de 31,6% da população está dedicada às principais atividades comerciais a saber: extrativismo e silvicultura (castanha-do-pará, jutaícica, cumaru, argila e madeiras), pesca, pecuária, agricultura.

Além da produção, a cidade era movimentada pelo “comércio” com as cidades da região e com as praças de Belém, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, havendo no município 103 estabelecimentos comerciais com vendas no atacado e varejo. O movimento bancário é feito na agencia do Banco do Brasil. A cidade ainda possuí agencia dos Correios e é atendida pelos navios da S.N.A.P.P., do Lóide e Costeira, além de embarcações particulares e via aérea pela Panair do Brasil S.A.

No Plano Educacional
O censo de 1950 apontou que da população acima de 5 anos de idade (13.278 pessoas), apenas 5.287 sabiam ler e escrever (ou 39,8% da população, o que faz a taxa de analfabetismo ficar em 60,2%).

Grande e significativa era a contribuição do Colégio São José, onde trabalhavam 13 irmãs da Congregação da Imaculada Conceição, além de algumas professoras auxiliares que ajudavam na educação de cerca de 300 meninas. Além do curso primário, o educandário possuía curso normal regional (para o ensino do magistério), curso de datilografia, curso de música, curso de corte, costura e bordado, e curso de arte culinária. Além do Colégio São José, a Igreja Católica mantinha a escola paroquial São Francisco, destinada principalmente para crianças pobres que não tinham condições de acesso ao ensino público de qualidade.

Em 1956, estavam funcionando em Óbidos 43 estabelecimentos de ensino primário fundamental comum, com a matrícula de 1.994 alunos. No campo cultural, funcionava na cidade o Cinema Iracema, com capacidade para 200 lugares.

No Plano Religioso
Na década de 1950, o povo de Óbidos era majoritariamente católico. Na vida religiosa da cidade destacavam-se as congregações religiosas e irmandades. A saber, as principais eram: 
- Apostolado da Oração (feminino), fundado em 1904, que contava com cerca de 510 membros;
- Apostolado da Oração (masculino), fundado em 1945, que contava com 130 sócios;
- Ordem Terceira de São Francisco, fundada em 1912, com cerca de 32 membros;
- Pia União das Filhas de Maria, fundada em 1912, contando com 50 membros;
- Conferência de São Vicente, fundada em 1927, contando com 50 sócios;
- Arquiconfraria do Perpétuo Socorro, fundada em 1934, contando com 500 membros;
- Congregação Mariana, fundada em 1937, contando com cerca de 60 associados;
- Cruzada Eucarística, fundada em 1942, contando com cerca de 120 crianças.
 
A paróquia possuía uma biblioteca desde 1940 que era mantida pelos Congregados Marianos e que contava com mais de 500 exemplares à disposição do público. Os frades franciscanos e algumas professoras leigas, além das freiras da Imaculada Conceição cuidavam da catequese que era ministrada nas Escolas da cidade e do interior. Além da paróquia de Óbidos, os frades também visitavam comunidades do interior e a paróquia de Juruti, que vivia anexa a Óbidos na década de 1950.

 A grande festa que movimentava a vida religiosa do povo era a da padroeira, Santa Ana, avó materna de Jesus Cristo, cujo círio, celebrado no segundo domingo do mês de julho, era realizado parte fluvial e parte terrestre. No dia da festa, 26 de julho, o povo do interior acorria à cidade para celebrar sua padroeira e para muitos era o momento de batizar os filhos e receber os sacramentos.

Foi esta a situação que Dom Floriano encontrou quando iniciou seu trabalho como Bispo, na sede da Prelazia. Os desafios, entretanto eram maiores, pois o Prelado possuía no território de seu pastoreio as cidades de Faro (e Terra Santa como seu distrito), Juruti, Oriximiná e Alenquer (e Curuá como seu distrito).


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