23/02/2017 às 10h21min - Atualizada em 23/02/2017 às 10h21min

Em tempo de carnaval a cidade de Curuá não terá som, não se ouvirá o Alálá ôôô. O antigo bloco Breguelhegue que virou Papaizão calou-se.

Por: Walmir Ferreira

CURUÁ - No mês de fevereiro o carnaval toma conta das ruas pelo Brasil. Nos quatro cantos do País diversas cidades criam e promovem sua identidade no mês da folia. Mas, o Município de Curuá, vizinho aos municípios de Alenquer e Óbidos foi perdendo com os anos a tradição da folia.

Um tanto pela falta de investimento público pela dificuldade econômica como pelo desinteresse dos carnavalescos os únicos blocos de Carnaval que puxavam o público pelas ruas da pacata cidade foram perdendo o ritmo.  Nos últimos três anos não foi promovido o arrastão de rua com a saída do Bloco do Papaizão, um dos mais tradicionais da cidade, o que torna a cidade mais pacata mesmo no período do carnaval.

Trinta anos atrás o carnaval realizado, na então Vila Curuá, pertencente ao Município de Alenquer, era movido pelas marchinhas e de forma mais modesta.

Os anos se passaram e o então folião “Arruda” encabeçou uma turma de foliões que incentivaram a criação dos primeiros Blocos de carnaval de rua. Puxadas pelo carnavalesco “Arruda”, figura simpática e emblemática do carnaval curuaense.

Os primeiros blocos começaram a animar desde os menores, crianças, jovens e adultos. Naquele tempo o carnavalesco se fantasiava a caráter e puxava o Bloco “Breguelhegue” ao som das marchinhas, tradicionais de carnaval, acompanhado de uma turma de crianças eufóricas.

Com o passar dos anos o carnavalesco mudou o nome do Bloco para “Papaizão” e começou a puxar multidões pelas ruas de Curuá, já emancipada do Município de Alenquer, chegando ao patamar de cidade. O Bloco do “Papaizão” assim como outras três agremiações permaneceram, com recursos próprios, promovendo os arrastões pelas ruas da cidade.

“Nós organizávamos eventos o ano inteiro para angariar recursos, porque em nenhum ano tivemos ajuda do Poder Público. Éramos nós que investíamos e tirávamos do nosso próprio bolso para comprar materiais e confeccionar fantasias e abadas.” Disse Antônio “Arruda”, Carnavalesco.

O depoimento do Carnavalesco “Arruda” nos ajuda a entender o porquê de o carnaval de Curuá perder o som e ter acabado. Os poucos Blocos de Carnaval do Município teriam nunca recebido investimento público, o que acarretou no fim dos tradicionais arrastões dos Blocos. O último foi em 2013. Nos últimos três anos os Blocos não saíram às ruas e em 2017 a realidade permanece. A justificativa para a ausência das agremiações nas ruas da cidade de Curuá é enfática, A FALTA DE APOIO DO PODER PÚBLICO.

“No último ano que nós saímos, nós solicitamos um “carro som” à secretaria de Cultura de Curuá e ficou acordado, verbalmente, que iríamos ter. No dia da saída do Bloco o “carro som” não apareceu e fomos até o secretário que nos disse que o que ele tinha prometido não iria cumprir.” Relatou “Arruda”.

Para não descumprir com os foliões o carnavalesco voltou com o filho para a sede do Bloco e começou a tocar no próprio volante do Bloco as marchinhas que serviu para puxar os foliões até a pracinha do Centro da Cidade, local de comemoração do Carnaval. Esta foi a última apresentação do Bloco “Papaizão” no carnaval curuaense.

“Eu me desanimei. Por esse e muitos outros motivos decidi nos anos seguintes não realizar mais o Bloco e o arrastão de carnaval. Realizo aqui mesmo minha festa e os foliões vêm pra cá. Aqui fazemos nosso carnaval.” Disse chateado o carnavalesco.

Curuá emancipou-se do Município de Alenquer 21 anos trás, mas parece não ter conseguido ter a mesma força política para manter a cultura folclórica do seu povo, que sente falta dos arrastões ao som das marchinhas, puxados por figuras exóticas e multicoloridas.


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